quinta-feira, 5 de maio de 2016

A ficção (e por que não vivo sem ela)




Eu tive desde a infância várias vocações que me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei por que foi essa que segui. Talvez porque para as outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto que para escrever o aprendizado é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós. É que não sei estudar. E, para escrever, o único estudo é mesmo escrever. Adestrei-me desde os sete anos de idade para que um dia eu tivesse a língua em meu poder. E, no entanto, cada vez que vou escrever, é como se fosse a primeira vez. Cada livro meu é uma estréia penosa e feliz. Essa capacidade de me renovar toda à medida que o tempo passa é o que eu chamo de viver e escrever. 
(Clarice Lispector)


De vez em quando fico pensando sobre o porquê de eu ser tão apaixonado por narrativas. Pode ser um conto, um romance, um filme, uma peça teatral e até um pequeno desenho a lápis. Desde muito cedo tive a tendência a imaginar cenas e fantasiar sobre uma variedade de coisas que apareciam no meu caminho. 
Como seria viver naquele lugar que só vi numa foto? Como era a vida naquele casarão antes dele ter ficado vazio? Como era a relação daquelas pessoas quando conviviam? Perguntas que vão e vem e me dão combustível para escrever diferentes histórias, muitas vezes um tanto distantes da minha própria realidade. Se é só inspiração ou se há algo de espiritual nisso eu não sei. Mas só sei que sem histórias não vivo.
Lembro-me muito bem dos meus primeiros projetos de ficção na pré-adolescência (e que sei lá por que não vingaram...). Tinha peça de teatro na escola no estilo "Escolinha do Professor Raimundo" (fazíamos vários ensaios aqui em casa) e até a tentativa de escrever uma novela (!) na época em que eu era viciado em ver folhetins e não perdia um capítulo (de reprises a novelas mexicanas). Enfim, isso é passado, mas não posso negar a importância que aquela fase de telespectador aos 10, 12 anos de idade teve no meu processo de formação como "contador" de histórias.
Aos 14, 15 anos fiquei fissurado em filmes e passei a pesquisar e ler sobre muitos filmes que ainda nem havia tido a chance de ver e, de lá pra cá, comecei a alugar e comprar o máximo que pude. Dez anos depois ainda faço lista de clássicos que quero ver, coisa que a internet me ajuda (e muito) hoje em dia, já que muitas das películas podem ser vistas gratuitamente no YouTube e outros sites por aí.
Aqui no blog e sua página do Facebook (curta aqui se ainda não o fez) e meu Instagram (siga aí) sempre estou postando fotos, trechos e cenas de muitos desses livros e filmes que tenho lido/visto ou que estão na minha lista. A curiosidade e o fascínio pela fantasia me levaram aos desenhos e filmes. E destes fui sendo seduzido cada vez mais para o mundo das palavras, como leitor e aspirante a escritor de algumas coisas, como tento me definir para não me sentir muito distante do mundo "real" em que vivo. Se tenho talento e algum futuro só outros podem me dizer, mas certamente já tive e continuo tendo muito prazer com a escrita. E sigo tentando e sonhando e lendo e vendo filmes, afinal, sem ficção parte da minha vida não tem sentido. Para fechar de forma apropriada, abaixo o trailer de um filme, por sua vez baseado em um livro, que fala sobre um escritor. Por hoje é só.