segunda-feira, 16 de março de 2020

Humildade em tempos de recomeço





Talvez por falta de assuntos que realmente me motivassem a voltar a escrever, eu parei de postar neste blog há dois anos e meio. Fui reler meu último texto hoje e passei a refletir e relembrar muitas coisas que aconteceram em minha vida nesse intervalo: saída de emprego - desemprego - emprego novo, passeios, paixonites, angústias, jardinagem, leituras... O tempo é realmente um senhor de muitas faces. Ele pode ser cruel, apaziguador, esclarecedor, inquietante. Mas creio que o que ele faz realmente é com que nos deparemos com a gente mesmo, ficar cara a cara com nossa própria essência e personalidade e assumamos cada vez a responsabilidade por nossos atos.
Nada como esse momento de tanta insegurança e temor mundial gerado pela pandemia do coronavírus para nos fazer pensar nas decisões que tomamos em nossas vidas e o quanto elas têm nos afetado e irão afetar nos próximos anos. Estou com 29 anos, ou seja, chegando aos 30 num futuro próximo. E mais do que nunca tenho refletido sobre como o eu de agora se compara ao Renan de uma década atrás, tão ingênuo e sonhador, com seus 18, 19 anos. Era início de muita coisa: faculdade, vida profissional, amores (mesmo que apenas platônicos). Mas olhando pra trás, percebo que aquelas coisas não chegavam a pesar como acho que pesariam hoje. Talvez fosse a inexperiência e o vigor de um recém-saído da adolescência. Encarava salas de aula, estágios, dias inteiros longe de casa com uma resistência que hoje admiro, mas que na época fluíam mais naturalmente. Para uma pessoa com jeito introvertido, ficar em casa cercado de plantas, animais e livros é o modo mais prazeroso de existir, confesso. Mas as necessidades cotidianas fazem com que tenhamos que ousar e nos arriscar para nos proporcionar justamente os momentos de prazer e conforto mais adiante.
Eu me recordo bem sobre o orgulho que eu sentia quando escrevia um conto ou alguma cena de uma história maior. Como ficava imerso naqueles cenários criados na minha mente, sentindo como cada personagem realmente seria e a imensa alegria que me daria ver aquela cena encenada ao vivo num teatro ou filmada com atores profissionais. Faz tempo que não me dedico a escrever ficção e minha mente cada vez mais me cobra para voltar a fazer isso, mantendo assim a criatividade do menino que mora aqui dentro e compartilhando com o mundo as histórias e todas as emoções que eu consiga passar através da dedicação à escrita.
Nos momentos de insegurança, sejam elas por motivos internos ou alheios, que não percamos o amor por nós mesmos, pelo planeta e por tudo aquilo que nos motiva a viver, que não zeremos nossa personalidade pra tentar agradar a alguém assim como não deixemos de ser gratos ao senhor do tempo por nos ter permitido estar aqui neste momento. Enquanto há vida há renovação.