domingo, 10 de julho de 2016

Pensar antes de falar faz bem



As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel. O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade.



A frase foi proferida pelo professor e escritor Umberto Eco (1923-2016), falecido recentemente e autor de vários livros notáveis publicados por aqui, como "O Nome da Rosa", "O Cemitério de Praga" e "Número Zero". Este último, seu canto do cisne, tive o prazer de adquirir recentemente. E aproveito para deixar minhas impressões sobre um assunto, que, volta e meia, chego a comentar por aqui.
Pra começar mais uma breve reflexão, preciso dizer que concordo com o pensamento de que é melhor ter excesso de informações do que falta. Como curioso que sempre fui e buscando conteúdos em revistas, livros e na internet (memória de almanaque é uma loucura...), acabo esbarrando em todo tipo de ponto de vista, sejam blogs pessoais como este meu ou simples comentários em vídeos do YouTube e posts do Facebook. E foi justamente dessas observações somadas a coisas que vejo aqui e ali na boca das pessoas ou repercutindo na mídia que tive o interesse e a necessidade de me expressar sobre esse ódio e ignorância que hoje parecem muito mais evidentes do que antes.
Dia desses, por exemplo, vi vídeos de uma jovem (felizmente não me recordo o nome) que falava com o maior orgulho sobre tipos de pessoas e fatos que ela tratava com o maior sarcasmo sem qualquer preocupação com a veracidade e o julgamento correto. E embaixo vinha a horda de seguidores e apoiadores a comentarem, como discípulos a escolher seu líder, o farol duvidoso de um novo tempo. Um tempo que, para certas pessoas (com problema de autoconfiança, imagino), representa a degradação total dos valores morais, da família, das instituições... Mas bem sabemos que preconceituosos e oportunistas sempre existiram, como bem ressaltou Umberto Ecco na frase que abriu este texto, só estão mais óbvios agora em seus perfis virtuais (verdadeiros ou não).
Se uma mulher aparece na mídia porque foi espancada pelo namorado vão dizer que ela gostava de apanhar, se um gay diz que sofreu preconceito vão falar que é "mimimi", se um negro é confundido com assaltante vão falar que ele devia usar roupas que fizessem com que ele parecesse mais sério (!)... São só exemplos de situações que reforçam comportamentos que, por épocas, foram considerados rotineiros, fosse a misoginia, o racismo, a homofobia, a xenofobia, as intolerâncias culturais e religiosas, o desrespeito à natureza. É tanta questão pendente que precisa ser bem resolvida no século 21 que chega a parecer que o mundo é caótico ao extremo e não há qualquer solução, como se precisássemos começar do zero em outro lugar.
Mas sou relativamente otimista porque hoje a consciência de responsabilidade e respeito afloram cada vez mais cedo. Faça o que quiser da sua vida, mas só não faça mal aos outros. Uma frase simples que é basicamente minha forma de "classificar" as pessoas. Não há ninguém absolutamente bom ou absolutamente ruim, mas é muito melhor estar do lado daqueles que pendem para o positivo. O mundo não gira ao redor de mim ou de você ou daquele desconhecido lá. Uma boa dose de sensatez faz bem antes de realizarmos ações que afetem a vida de outras pessoas.
Abaixo indico mais um vídeo do canal Poligonautas, que é excelente e um dos poucos que sigo atualmente. Sempre com vídeos inteligentes sobre temas variados.