sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Enquanto isso na prisão...

Na cidade de Brasiliand, está Ele, de chapéu, casaco, calça e bota de cano longo, todos pretos. Sim, o Morte continua com aquele seu mesmo visual sombrio. Muitos fotógrafos e jornalistas, carros importados, choros falsos de mulheres enfeitadas que se olham constantemente no espelho entre uma rápida entrevista e outra. Do outro lado, um cordão de isolamento separa os populares, que gritam vozes de diferentes sotaques e dialetos, mal podendo ser compreendidos pelo senhor poliglota ali presente. Desta vez o alvoroço não é culpa destes, que não nasceram para serem notados mesmo. O Seu Morte, indiferente a tudo, chega à portaria do presídio, trazendo consigo sua habitual maleta. Não traz mais a pilha de papéis sobre a vida do candidato a morto. Agora faz tudo só com um tablet, acompanhado de modem de acesso ilimitado. É difícil saber qual presídio libera o wi-fi para os seus moradores. Aquele tipo de estabelecimento não é lugar novo pra ele. Já está acostumado a ir religiosamente fazer o carregamento de alguém.
_ Bom dia, Seu Morte! Como vai?
_ Bom dia, Seu...! – estranhou o comportamento do porteiro, nunca acostumado a tratar bem os visitantes comuns. – O que há de especial por aqui?
_ Hum... Acho que pode ter material do bom.
_ Num presídio? O quê? Teve massacre coletivo?
_ Seu Morte, o senhor vai ter que aguardar com calma... É político.
Seu Morte teve um acesso de tosse repentino e bateu com suas mãos ossudas contra o peito duro.
_ Político?!
_ Achei que o senhor gostasse desse tipo...
_ Desde que eles não abram a boca. Não aguento lorotas.
_ De qualquer forma, ainda não há nada garantindo. Morte de político é que nem os demais serviços públicos. Demora para o processo ser encerrado.
_ Por que me chamaram com antecedência?
_ Parece que foi só um alarme falso pra comover o povão ingênuo e fazer um daquelas dramas imbecis de novela. E chegou um bando de roupas vermelhas hoje. Tem tanta peça dessa cor por aqui hoje que sua vestimenta preta nem vai chamar tanta atenção como nos outros dias. Achei até que os vermelhos já fossem fazer um ritual de despedida. Mas nada ainda.
_ Vermelho é uma das minhas cores favoritas... Os corpos... Então... Mas eu não posso perder tempo assim. Meu trabalho anda disputado. Vou saindo correndo daqui pra uma periferia. Acho que foram uns três moleques imprudentes. O serviço lá rende sempre mais que o esperado.
_ Mas essa molecada não toma jeito. E pior que a velharada também nem dá exemplo. Mas pode indo que o Seu Jeremias está ali na cela dele.
Seu Morte entra pelo longo corredor. Não está interessado em ninguém comum hoje. Só quer saber do cliente especial do presídio. Do lado de fora da cela do tal senhor, uma aglomeração de roupas vermelhas e vozes altas, não muito diferentes da aglomeração popular vista do lado de fora. Seu Morte atravessa, sem a menor paciência, o grupo indisciplinado. O preso está no meio de sua sala. Não se mexe, apenas tem o olhar fixo e sério, olhando para um ponto invisível. E também não pode usar mais o seu traje vermelho. Porém, ganhou um desenho de cinco pontas feito por uma daquelas canetas infantis em sua testa.
_ Hey! O sinhô não pode entrar aqui – um senhor de bigode grosso interveio.
_ Mas quem você pensa que é?
_ Sou o cúmpli... Digo... Assessor do preso. Você não pode falar com ele sem passar por mim, companheiro.
_ O que você quer que eu faça então? Que faça uma passagem por meio de seu corpo?
_ Que tamanha insolência! – uma senhora loira, aparentemente com uma peruca mal ajustada, entrou na conversa, ao mesmo tempo em que observava curiosa a moda do Seu Morte, com o modelo preto que realçava seu perfil esguio.
_ Quietos, bando! Sou o Morte! Deem-me licença agora que preciso conversar com o preso. Vejam... Já está até com a marcação na testa. Perfeito.
Um susto geral tomou conta daqueles rostos enrugados, alguns porém mal se mexiam de tão congelados por aplicações de botox. Seu Jeremias continuou inerte.
_ Mas Seu Jeremias está vivo. Muito vivo! Olha que vida... – falou o bigodudo.
_ Ele é nosso herói! – bradou a loira de peruca.
_ Ele só não pode ficar aqui – o senhor careca, de voz mansa, que estava mais próximo do preso, entrou na acalorada discussão.
_ Mas, por quê? Ele não está condenado? – indagou o Morte, com a curiosidade mórbida que lhe é típica.
            _ É tudo uma conspiração. Mentira da oposição. Inveja de nossa posição! – disse o bigodudo.
_ Eles nos perseguem porque chegamos até aqui. – a loira.
_ E chegaram rápido? A estrada estava tão ruim que preferi vir a pé. Tive que descer de um caminhão cheio daquele povo vizinho. Como se chamam? Ah, sim... Os bolivianos. O que vocês costumam fazer com eles por aqui?
_ Isso depende da posição social, Seu Morte. Alguns podemos abrigar em Brasiliand. Os outros são mandados pra São Paulo – falou em uma arrancada só a mulher do bando.
_ Quieta, companheira! – suspirou o bigodudo.
_ Mas não adianta esconder, Seu Silva. Quem você acha que costura nossas roupas de grife?
O Morte os observou. A cor vermelha enchia os seus olhos, assim como a expressão cada vez mais deprimida de Seu Jeremias.
_ Desculpe-me a intromissão, Seu Morte... Mas eu sempre achei que a Morte fosse mulher. – a loira cutucou.
_ Mas não sou. As mulheres não sabem guardar segredos. Meu trabalho precisa ser discreto.
_ Como assim? – ela ficou inconformada com a afirmação. – Eu sei fazer isso.
_ Nós já percebeu... – comentou o assessor, cada vez mais tenso.
_ Seu Morte, o senhor vai ajudar a nossa causa nobre? Um político como o Seu Jeremias tem história nesse país. O partido, a presidência, o fim da pobreza. Nosso país vai virar um paraíso no futuro. – o careca que pouco falava voltou a se manifestar, quase que cantarolando as palavras, em uma melodia pífia.
_ Mas, esse Seu Jeremias vai morrer ou não hoje? – Seu Morte já estava se entediando.
_ Depende do que os exames vai dizer, meu caro Morte – o assessor.
_ Foi feito no hospital público ou particular? – o Morte aplicou sua experiência como advogado nos tribunais pós-morte.
_ No público, Seu Morte. Em algum momento na vida precisamos lançar mão disso – a loira.
_ Não... – o Morte colou a mão sobre a testa riscada e girou a cabeça algumas vezes.
_ O sinhô precisa entender que tamo no Brasil, Seu Morte – falou o bigodudo com os olhos arregalados.
_ Neste país é preciso ser honesto com os companheiros de partido. Os amigos de classe, meu amigo Morte. Já posso chamá-lo de amigo, certo? – o careca voltou.
O Morte não se aguentou. Ficou de queixo caído. A boca sem dentes exposta.
_ Chega!
Ele partiu rapidamente pelo corredor. Nunca teve tamanha vontade de ver a luz quanto após abandonar aquela cela infestada de tagarelas.
Seu Jeremias reagiu. Os olhos se mexeram e ele se levantou imediatamente, enquanto os amigos admiravam extasiados a sua força inesperada. Também seguiu pelo corredor vazio.
Mas caiu no meio do percurso. Dores no peito o atingiram. E os camisas vermelhas correram em sua direção.

_ Me leva, Seu Morte! – foram os gritos finais de Seu Jeremias.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Público brasileiro: subestimado ou idiota?



Falar de televisão sempre rende discussões sob os mais diferentes ângulos... Popularesca, vulgar, alegre, vagabunda, idiota... Enfim, se qualquer um sair por algum colhendo opiniões vai ouvir adjetivos similares a esses ou muito piores. Mas resolvi escrever por dois motivos principais: pela péssima qualidade da maioria dos programas que tenho assistido na TV aberta nos últimos meses e por matérias que tenho lido e que me dão gotas de esperança quanto ao futuro desta mídia tão (ainda?) popular no Brasil.
Não quero “dar nome aos bois”, para, inclusive, não fazer propaganda destes veículos que usam e abusam do direito à concessão pública que é a televisão. Isto significa, pra quem ainda não sabe, que o direito a ver determinado canal gratuitamente não é como um favor que os “bondosos” magnatas da comunicação estão lhe fazendo. Eles têm uma série de obrigações a cumprir, como incluir programação jornalística, conteúdos regionais, limitar o tempo de comerciais e aplicação de capital estrangeiro...
O problema é que, como muita coisa regida por legislação no Pindorama, não é cumprida com rigor. Tem uma emissora das mais conhecidas do país, por exemplo, que passa aproximadamente metade de toda a sua programação diária exibindo produções comerciais e programas de igrejas (o que não deixa de ser comércio também, já que estão sempre vendendo algo para seus fiéis). Para piorar e deixar nós espectadores mais revoltados, é que a outra metade da programação dessa emissora é composta por programas medíocres, apresentados por gente mais medíocre ainda, que entrou na televisão não se sabe como e ainda se mantém por conta da imagem vinda dos tempos de outrora, quando era mais fácil gente sem talento se dar bem na telinha. Tem “pseudoartistas” dando entrevistas diariamente, mulheres dos patrões se metendo a Hebe Camargo (essa sim era digna e faz muita falta), apresentador sensacionalista que traz atores para simular casos constrangedores diariamente (de fazer os educadores arrancar os cabelos de vergonha) e faz o público mais “ignorante”, digamos, cúmplice de suas idiotices. Como canais assim conseguem sobreviver no ar e não perder a concessão? E pensar que tem vários outros em situação similar...
Citei essa emissora em particular (deu pra sacar qual é, né?) porque representa brilhantemente agravantes vistos com frequência nas demais do país. Mas é claro que não para por aí... Alguém, com um mínimo de senso crítico, consegue aguentar várias horas seguidas de dramalhão mexicano todo dia? As dublagens sofríveis conseguem acentuar ainda mais a canastrice daqueles atores que são caricatos até na maquiagem? Pode cair um meteoro em São Paulo, mas a emissora está ali concentrada em sua missão de “educar” o espectador com seus melodramas do tipo Maria Guadalupe e seu amor impossível por José Rodolfo Antônio...
Por falar em telenovelas (maldito estereótipo de que “brasileiro ama novela”!), tem, é claro, outra da emissora ainda vista como a mais “importante” do país (seja lá o que esse velho título possa significar em tempos de revoluções digitais constantes). Na trama mais “adulta” deste canal, tem uma gordinha empurrada por todos para perder a virgindade (o que os outros têm a ver com a intimidade alheia?) e é humilhada sempre por seu peso. Sou e sempre fui magrelo e mesmo assim me sinto ofendido com tais falas agressivas. Pior ainda é ver o autor dessa novela, um senhor nitidamente gay (sério?), colocar um vilão homossexual dos mais afetados e perversos. Que ótima forma de lutar contra o preconceito e os estereótipos em rede nacional, senhor autor! É com esse tipo de conteúdo que tal emissora se preocupa em mostrar em um horário tão assistido?
Obviamente (e infelizmente para os gananciosos donos das emissoras), o público jovem dos anos 2010 já passa a maior parte do tempo na internet, em dispositivos móveis ou na TV por assinatura (e até mesmo usando os três juntos). Mas os canais abertos estão ali e volta e meia voltamos a eles. Em tempos de uma audiência cada vez mais independente e disposta a montar sua própria programação (viva o Netflix!), é bom que as emissoras brasileiras movam logo seus pauzinhos e fiquem espertas, porque, caso contrário, ficarão todas deixadas para trás em tempos de um mundo que traz novidades mais rapidamente que a mudança de canal pelo controle remoto. E não me venham com aquela velha história de que se o telespectador está insatisfeito, é só mudar de canal. Até porque do jeito que está, fica difícil ter pra onde correr!

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Quanto nós valemos? (Parte 2)

                                                                                                           Gabriela Biló/AE


 Há pouco mais de um ano, tive um “insight” e resolvi postar aqui um texto em que comparei um suicídio e assassinatos em massa em circunstâncias relativamente distantes, mas que, para mim, tinham suas similaridades.  Assim como a maioria das coisas que faço no ímpeto, fiquei com a vontade de retirar aquele texto falando de um assunto tão delicado e duro ao mesmo tempo. Poxa: não sou psicólogo nem filósofo, tampouco sociólogo. Apenas era um rapaz passando por um curso de jornalismo, uma área em que você começa humildemente como um “especialista em nada”, mas precisa ter uma visão panorâmica sobre tudo.
Voltando ao presente, não só vi como foi bom manter o texto intacto assim como me senti na obrigação de aproveitar o espaço para escrever uma espécie de continuação. No final da tarde de ontem, estava eu a pensar sobre coisas diversas do meu dia, quando me dei conta de que era a oportunidade de fazer mais uma dessas ligações entre fatos. E os temas são mais uma vez os mesmos que me moveram para escrever aquelas palavras no ano passado: suicídio e assassinato. E o caso mais recente, ao menos até onde vai meu conhecimento, envolve aquele da mãe que assassinou as duas filhas adolescentes e ainda o cachorro em uma casa de classe média em São Paulo. Ela tentou se matar ao final, sem sucesso. 
Quem leu o primeiro texto, já sabe que nem preciso me alongar sobre este caso e comentar a barbaridade dos assassinatos, mas aproveitando o gancho do elemento animal também morto, fiz uma relação com uma situação ocorrida na manhã de ontem. Estava eu em uma fila de um serviço de atendimento a animais quando pude ouvir diferentes histórias de pessoas que têm seus companheiros de quatro patas em casa, sobretudo cães e gatos. Relatos muito positivos e de dar orgulho, como o de uma senhora, que disse que ela e seus filhos sempre ajudam os bichanos que aparecem necessitados em sua vizinhança. Outras histórias, no entanto, soavam como as mais desprezíveis. Uma senhora grosseira, que estava com sua nora (esta com uma evidente antipatia pela sogra, o que de imediato eu compartilhei), falava sobre ter fobia a gatos e que os mataria se aparecessem por perto. Indignado por dentro diante de tamanha falta de respeito com a vida, eu acabei perdendo a oportunidade de me expressar e defender o valor de criaturas que sim valem muito mais que as medíocres que andam por aí se achando no direito de serem tratadas como cidadãs, quando na verdade estão mais para seres repulsivos e de pensamentos arcaicos. Por que gente assim não vai tratar sua mente insana em vez de tirar a vida de seres que têm tanto o igual direito de viver? Fico mesmo descrente com a humanidade quando cruzo com certo tipo de “pessoa” com quem sou obrigado a dividir o barco nesta complexa navegação chamada vida. Deu pra perceber uma certa relação entre os dois casos?
E ainda dando continuidade ao raciocínio para traçar mais um paralelo, a semana começou com outra notícia importante relacionada à temática da violência: aquele atirador (ou mais de um) que conseguiu vitimar pessoas dentro de uma base militar nos Estados Unidos da América. Sim, o país mais “poderoso” do mundo, aquele que há alguns dias falava sobre atacar a qualquer custo a Síria. Uma ação em circunstâncias e com propósitos duvidosos em uma região já abalada por conflitos há tempos.
Não importa se é família, amigo, estranho ou outra espécie de animal (ainda insistem em não classificar o homem nessa categoria, para bem e para mal). Violência é crueldade e o sangue é sempre vermelho. Será que temos missões de bondade para completar por aqui ou tendemos a ficar como aquela protagonista do filme “Dogville”, do Lars Von Trier? Depois de tanto assistirmos à violência e sermos nós vítimas da opressão, ficaremos anestesiados ao sofrimento, como cúmplices, e ainda torcendo para que haja uma espécie de vingança sabe-se lá de quem? Questão complexa, mas acho que precisamos parar mais para pensar sobre isso.
Alguém nos assiste? Volto a repetir a pergunta: quanto nós valemos?


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Gira mundo!



Passamos dos 200 milhões! Não, isso não é nenhum urro de alegria. Honestamente não acho uma maravilha quando vejo esses números exorbitantes de aumento populacional, a julgar pela elementar questão de que o planeta não cresce proporcionalmente a isso (sério?). Basta sair às ruas e ver a decepção que está se tornando o trânsito de cidades medianas como a minha. Mas não quero me alongar sobre isso... Parece discurso de um chato pessimista (ou seria realista?).
Há alguns anos eu tinha uma professora no colégio que falava constantemente sobre aquela clássica frase da “justiça é cega”, que todos os homens são iguais na hora do julgamento. É por isso que fico pensando hoje se realmente a nossa e também a de fora daqui estão aplicando aquela frase no sentindo de ficarem alheias às injustiças do mundo durante a maior parte do dia. Nas últimas semanas, o Oriente tem sido (mais uma vez) palco de conflitos que perpassam questões políticas, sociais, ideológicas e o que mais quiserem misturar. No Egito, caiu o presidente e se instaurou uma batalha cruel entre militares e oposição. Parece até uma daquelas velhas histórias da Idade Média que víamos nos livros didáticos e hoje nos provocam repulsa e ficam difíceis de aceitar nos “evoluídos” anos 2000.
Mas agora o Egito saiu de cena um pouco para que outra nação de sua região se tornasse centro das atenções internacionais. A Síria (menos famosa no Brasil do que seu pão e uma fruta que dá nome a sua capital) vive agora um clima tenso e fala-se constantemente sobre o uso de armas químicas pelo senhor Bashar al-Assad. Curioso como o governo estadunidense se mostrou tão preocupado após o suposto uso dessas armas. Quer dizer que matar civis, incluindo crianças, idosos e trabalhadores dos mais honestos, pode? Mas com arma química não? Obviamente sou contra todo tipo de conflito armado, mas acho que a minha decepção com os EUA só anda se elevando diante do comportamento que vem se repetindo ao longo de décadas em qualquer lugar onde sua sede de “vingança” e oportunismo encontre espaço. Obama era uma esperança para tantos quando foi eleito em 2008 e é lamentável que, anos depois, pouca coisa tenha mudado e muito menos evoluído durante seu comando. Não bastasse o escândalo de espionagem que fez Snowden fugir para a Rússia e mexeu com os brios de tantos governantes, agora Mister Obama só fala em intervenção como se fosse o dono da verdade e ainda quer ajuda de outras nações para invadir o pequeno país oriental. Parece que a Rússia não quer... Será que estão tentando reavivar o clima da Guerra Fria?
Já aqui no Brasil, a semana começou tensa com a chegada daquele político boliviano, o Molina, deixando o pivô Sabóia em maus lençóis e levando Dilma a trocar ministro (saiu um que era patriota até no nome), além de continuar a novela do julgamento do mensalão, que nós brasileiros ansiamos para que termine com um final “feliz”. Mas eu não poderia deixar de terminar falando daquele Donadon (sim, parece nome de remédio), que foi ao Congresso fazer seu pequeno discurso em defesa, usando inclusive o argumento de que sua cela era de má qualidade. Comida ruim, água fria... E alguém ainda não sabia dessa peculiaridade dos presídios brasileiros? Nosso legislativo, como não perde o hábito, deu mais um sinal que anda bem informado com os problemas da nação.
Mas, pelo visto, a fala “humilde” convenceu os colegas (amigos secretos?), fez uns muitos não se manifestarem e o tal deputado não foi cassado. Ficaram com dó do Donadon? Acho que o povo está precisando voltar urgentemente às ruas.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Escolha uma história.... Não faltam personagens!


Difícil escolher o ponto para começar a falar diante de toda a agitação sócio-político-econômica que vem agitando o Brasil e inúmeros países nas últimas semanas. De tudo um pouco já se falou sobre as manifestações querendo uma mudança radical na política brasileira (não adianta mais falar que foi só por 20 centavos que esse discurso ninguém agüenta mais!). Mas, confesso que se comparados com os do Egito que conseguiram a deposição daquele presidente tirânico de nome difícil de escrever, os nossos protestos de reivindicações tão diversas me pareceram um monte de dedos mindinhos tremulando diante de um corpo todo. Será que isso é efetivamente indício de um amadurecimento popular? Vai ter foco ou vai ser indignação contra tudo mesmo, um legítimo “samba do crioulo doido”?
Temos tantos personagens a acompanhar nesse novelão que fica difícil iniciar qualquer narrativa sob um único ponto de vista. Dilma vista como a única culpada pelos problemas do Brasil (!), Eike caindo (e a presidenta também), o Legislativo finalmente mostrando trabalho, Obama (hã?) versus Edward Snowden... Sim, a situação do ex-cara da CIA respingou por aqui e sobrou escândalo de espionagem para o Brasil (falam até em manobra do nosso governo para ofuscar a tão confusa reforma política que quase ninguém até agora entendeu aonde vai parar).
Será que está tudo tão agitado mesmo ou é sou eu que comecei a ficar vidrado em notícias políticas e debates na televisão? A verdade é que a cada dia tem mais capítulos e personagens nestas diferentes histórias que volta e meia se entrelaçam. Está tudo tão eletrizante que nem mesmo a interessante novela das nove consegue me fazer parar de ver o “Jornal da Cultura” onde todo dia aqueles comentaristas se revezam (confesso que tenho especial simpatia por aquela carismática professora de História Árabe) pra tentar entender o que anda acontecendo. Aproveitando, não posso deixar de citar outro programa da Cultura, o “Legião Estrangeira”, onde correspondentes dão a sua opinião sobre os fatos se “equilibrando” na hora de falar nosso difícil idioma.
Para enriquecer ainda mais os conflitos da narrativa, como se esquecer dos vôos de uns dias pra cá tão mais divulgados sobre as autoridades que utilizam aviões da FAB para suas “farras” de elite (sobrou até para o até então “santo” do ministro Joaquim Barbosa)? “Devolver ou não o dinheiro das viagens”, deve ter pensado bem aquele do qual eu não tenho nenhum orgulho de ser xará. 
Nossa... É tanto assunto que alguém ainda pode parar pra respirar e perguntar: o que deve mudar? Ou melhor, vai mudar? Eleições só vão ocorrer em outubro do ano que vem, mas Dilma vai ter que recuperar a popularidade ou sua base aliada vai ter que engolir mesmo o crescimento de Marina (alguém ainda se lembra do Aécio?). Não se esqueça de que antes disso ainda temos que aprender sobre os assuntos do plebiscito (ou referendo... ou os dois mesmo).
A novela da política brasileira continua...