sábado, 26 de novembro de 2011

Um povo diferente

Um homem aparece trajando um tecido liso na altura do tronco, algo envolve suas pernas e parece não prejudicar seu modo de andar. Ele usa algo em cada pé. Parece couro de algum outro ser vivo. Também carrega um material de tecido pendurado em um de seus ombros. Não dá para identificar o que tem ali dentro. Ele atravessa uma estrutura de madeira que é presa à outra estrutura mais sólida. Ele se aproxima da estrutura maior, que é o local de onde sai todas as manhãs e retorna no final da tarde. Isso deve ser seu recanto.
Ele abre uma estrutura que parece fazer um buraco na superfície vertical. Depois que passa, ele fecha aquilo. Olhando por uma estrutura menor que fica no meio da superfície, dá pra ver ele caminhando ali dentro.
Ele encontra uma mulher sentada em um móvel de madeira. Ela se levanta, coloca seus braços ao redor do pescoço dele e encostam os lábios um no outro. Depois, ele pega o objeto que carregava nos ombros e tira alguns materiais lisos. Eles falam algumas coisas que meu vocabulário não permite entender e começam a rir. Encostam os lábios novamente e ficam assim por alguns segundos.
Uma mulher pequena, que deve ser a cria deles, vem para o local e o homem a pega no colo. Todos estão sorridentes. No meio daquele lugar, cercado por estruturas verticais, há um objeto retangular, de onde aparecem imagens de pessoas falando. Não sei se elas moram ali dentro. Parecem miniaturas de pessoas. A todo momento várias imagens vão se intercalando.
O povo dessa cultura me parece muito curioso. Eles acordam cedo todos os dias, ingerem alguns alimentos e bebidas estranhos. O homem sai com sua máquina de quatro rodas e a mulher fica em casa fazendo limpeza e cuidando da mulher pequena.
Eles têm alguns animais na casa, principalmente criaturas de quatro patas, com um material no pescoço e presas por correntes metálicas, e algums seres voadores, que não podem voar mais longe do que o limite imposto por grades.
De vez em quando eles falam num tom muito alto uns com os outros e alguém fica derramando lágrimas dos olhos num canto. Tem dia que parecem muito dispostos e animados; noutros parece que não querem nem olhar para um dia ensolarado fora da casa.
Ainda não consegui me comunicar com os membros desse povo. Eles estão sempre muito ocupados, andando de um lado para o outro, olhando frequentemente para um objeto circular que carregam nos pulsos e franzindo a testa.
Nenhum deles veio me perguntar o que estou fazendo aqui. Se sou invisível a eles, não sei. Mas que eles são diferentes de mim, isso sim.

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